A Agência Espacial Européia lançou um projeto de demonstração em 6 de junho para mostrar como a inteligência artificial pode usar dados de satélite para ajudar a certificar fazendas de algodão orgânico na Índia para evitar fraudes.
O projeto visa treinar o software da empresa de tecnologia alemã Marple para usar imagens de satélites da ESA, principalmente duas espaçonaves Sentinel-2 em órbita polar, para detectar campos de algodão em todo o país e classificá-los automaticamente por seu método de cultivo.
A Marple testou essa capacidade com a ESA há dois anos no Uzbequistão, onde disseram que o software distinguia entre algodão orgânico e convencional com 98% de precisão.
A demonstração na Índia será realizada em parceria com a Global Organic Textile Standard (GOTS), uma organização sem fins lucrativos por trás de um padrão global voluntário para a indústria.
O gerente de projeto do GOTS, Jeffrey Thimm, disse que treinar a inteligência artificial na Índia, onde as condições climáticas são mais diversas e a prevalência de pequenos campos e cultivos intercalados tornam a distinção do algodão orgânico mais complexa, é importante para melhorar a precisão do software.
O software é projetado para extrair de um espectro de sensores que fornecem dados sobre vegetação, água e solo – bem como índices como o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), uma medida da saúde e densidade da vegetação.
Os primeiros resultados da Índia são esperados antes do final do ano e o GOTS planeja usá-los para melhorar as estimativas de rendimento.
De acordo com o GOTS, o projeto também ajudaria a encontrar campos de algodão com práticas agrícolas tradicionais e ecologicamente corretas que os tornam potenciais candidatos à certificação orgânica, principalmente fazendas menores que operam sob o radar.
Os campos certificados como orgânicos que falharam em atender aos critérios seriam sinalizados para investigação antes que o algodão fosse colhido.
“Parte do problema é que ninguém realmente sabe até que ponto as práticas comerciais fraudulentas têm prejudicado o setor orgânico”, disse Thimm.
Também não há nenhuma fonte de dados confiável sobre o número de fazendas de algodão orgânico na Índia, acrescentou, tornando difícil saber quanto algodão orgânico está realmente sendo cultivado e de onde.
A ESA está cofinanciando o projeto da Índia no âmbito do programa Business Applications and Space Solutions (BASS) com o GOTS. Eles injetaram cerca de 500.000 euros (US$ 535.000) na manifestação.